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Calor dos soldados

  • Por Mp
  • 14 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

Calor, secura e o leve alíto amargo na boca, abri meus olhos e lá estava eu, novamente naquele nevoeiro escaldante de areia, e a única casa resistindo pela metade foi ligeiramente ocupada por meu batalhão fazendo os moradores de reféns.

-Você sabe o que fazer não sabe? Indagou meu superior, como uma voz em meu ouvido que me fazia de alguma forma transpor a obediência no lugar da razão.

-Sim, senhor. Respondi. -Meus inimigos avançavam bruscamente diante de meus compatriotas e de seus pelotões á nossa frente, e ainda não havia nenhum sinal daquele maldito helicopitero com asas de aço estar chegando.

-Anda, você já fez isso mais do que consegue se lembrar, uma a mais ou amenos não irá fazer diferença.

-É claro, o que é uma morte, uma baixa em meio a guerra, nada, matar e morrer nela se tornam algo tão medilcre, que deixa claro o quanto somos fracos. Pensei.

-O que foi isso! Gritou meu comandante, um estrondo veio da ala norte onde provavelmente meus amigos que ontem bebi a noite estariam morrendo, para me defenderem, e para proteger a pequena maleta que causou toda essa guerra, uma maleta que agora estava em minhas mão.

-Anda merda! Suspirei fundo, não havia sons de aeronaves próximas, não havia escolha, morrer destruindo a meleta era melhor do que perde-la novamente.

-Certo. Puxei minha pistola com a mão esquerda, olhei para os reféns, um pai de uns 40 anos e sua mulher seguidos de suas filhas, duas de olhos tristes e amedrontados. Morrer agora seria melhor do que morrer quando nossos inimigos chegassem, deixei a logica de lado, minha mão tremeu como um aviso, como se algo me disse para não fazer, mais eu fiz, puxei o gatilho primeiro os pais depois as crianças, um a um, e todos sucumbiram diante da pistola de aço reluzente.

-Eles estão vindo! Gritou meu comandante, sem titubear, por um instante pensei que fosse nosso super aerio que solicitei a mais de uma hora atrás, mais não eu sabia que no fundo eram meus oponentes, talvez fosse melhor assim, pois teria tirado a vida de quatro pessoas inutilmente e tudo seria concluído, minha missão minha volta pra casa, mais talvez o ato de mais pavor continuasse sendo lembrado pelos próximos anos, um ato de aniquilar uma pessoa diante de seus olhos e mais cruel do que tirar-lhe a vida a longa distancia.

Não sei como estava me aguentando lutar durante todo o dia, não pareceu nada diante daquele ato, minhas mãos tremiam, meus pes doíam e meu corpo latejava como m jargão de uma triste sinfonia, uma sinfonia de morte.

-Os tiros estão aumentando, preparem-se! Alertou o comandante, sacando uma granada ainda com o pino engatilhado somente esperando meus inimigos se aproximarem, para então, numa explosão de vingança, como um meio de justificar aquilo tudo, uma ultima saída para onde todos se reuniriam no final, um final que todos sabemos que não era dos bons. -O que! Gritei. Tiros tão altos como uma martelada no solo, ressoaram tão próximos de nós que quase a granada perdeu seu pino, tiros que cessaram com uma breve pausa, e um rápido alerta.

-Subam, estamos aqui em cima! Trovejou o piloto do helicópitero que havíamos chamado a muito.

-Graças! Gritou meu batalhão sem mim, que fitava atentamente o ato de terror que havia cometido ao matar aquelas pessoas, aquela família, reuni minhas forças distantes e lonjincuas para subir até a sacada da casa semi-destruída e finalmente inromper dentro da aeronave.

O caos imperava naquele deserto, haviam mais mortes do que se poderiam contar, de ambos os lados, dentro do pássaro reluzente de metal, finalmente pude chegar a conclusão final, sobre o que realmente era uma guerra, e sobre tudo que havia passado.

Tudo começa como uma ordem, uma ordem de soldados cegos que nem sequer tendem a pensar, pensar em uma outra solução, mais logica e racional, simplesmente acatam tudo que lhes é imposto e isso basta para eles. Depois a missão começa, mortes, matanças, o soldado que ontem você conheceu amanhã lá estará ele, tomando o tirou que você deveria tomar, atiramos sem conhecer achando que conhecemos nossos inimigos, atiramos e matamos sem julgar como se tudo fosse parte de um jogo, e quando finalmente 1% de todos os militantes na guerra tomam consciência do que fizeram, já é tarde mais.

Atirar e matar é fácil, sobrevier com a culpa e ainda sim lutar todos os dias para acordar, essa que é a verdadeira prova, uma prova que poderia ser evitada, um sofrimento que deveria e podia ser adiado ou mesmo nem sequer ter existido.

Por isso deixo aqui em minhas ultimas palavras um recado para a próxima geração, como um alerta para que vocês não topeçem na pedra que eu mesmo sem discernir o certo do errado, insisti em tombar, ouçam, ouvidos futuros! Ouçam gerações vindouras! Pois a vida é preciosa de mais para ser tirada por uma decisão humana, a vida é sublime e qualquer um que se julgue na qualidade de tirá-la não é mais nada do que um simples verme, que rasteja naquele inferno que um dia eu vivi, vivam o belo, vivam suas vidas como se cada segundo fosse ser seu ultimo, e façam desse ultimo segundo o melhor momento que se possa ter e lembrar, pois do meu ultimo momento eu me arrependerei por toda minha existência, construam o belo e edifiquem a paz pois é com ela que se muda o mundo, não é com armas que denotam poder, e sim com palavras, gerações vindouras! A escolha e sua e somente sua! Sejam vocês capazes de discenirem os erros do passado para não tropeçarem no futuro e acima de tudo viam suas vidas perante a magnifica bela da pessoa que certamente esta ao seu lado agora, pois é com ela que fosse está nesse instante vivendo, tenho certeza eu, seu mais magnânimo ultimo segundo.

-Vovô, vovô, essa história e do meu tatará-avo?

-Sim, sim e eu fico de pode-la passar para toda a nossa família, para todos ao nosso redor, pois quanto mais esse sentimento de construir um mundo melhor através da paz e não da violência se disseminar diante do mundo, mais ele terá consciência de que estamos vivendo nosso ultimo segundo, e assim espero que todos possam pensar o que estão fazendo com seu ultimo instante, seu ultimo momento.

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